8 de jul. de 2019
A certificação é o reconhecimento internacional das belezas naturais da região. Elas se juntam a outros 21 patrimônios mundiais da humanidade brasileiros, dos quais sete são naturais e 14 são culturais
Paraty e Ilha Grande, ambas no Rio de Janeiro, receberam, nesta sexta-feira, o título de patrimônio cultural e natural mundial da Unesco. Com o reconhecimento internacional, a região se tornou o primeiro sítio misto do Brasil. A decisão foi dada por um conjunto de 21 integrantes da entidade em Baku, Azerbaijão. Agora, o Brasil tem 22 bens na lista de sítios de excepcional valor universal. Essa é a primeira vez que o Brasil tem um sítio misto reconhecido por sua cultura e natureza.
Ilha Grande (Foto: Embratur/Divulgação)
O título abrange áreas de seis municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior parte está em Paraty (RJ) e Angra dos Reis (RJ). A região preservada inclui, ainda, Ubatuba (SP), Cunha (SP), São José do Barreiro (SP) e Areais (SP). Com cerca de 85% da cobertura vegetal nativa bem conservada, a área forma o segundo maior remanescente florestal do bioma Mata Atlântica e é cercada por quatro áreas de conservação ambiental, além de ser palco de um dos principais centros históricos e culturais do país.
Além da sua extensão, as diferentes fisionomias vegetais permitem a ocorrência de uma fauna e flora com diversas espécies raras e endêmicas. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil é considerado o número um em riquezas naturais e o 8º em bens culturais, dentre todas as nações do mundo.
A diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Lovchelovitch Noleto, destacou a diversidade cultural e natural da região. “Formada pelo intercâmbio das culturas indígena, africana e caiçara que se expressam nos bens culturais da cidade, Paraty engloba uma fusão de características próprias do patrimônio material e imaterial. Ao mesmo tempo, a cidade apresenta exemplos de povos tradicionais que usam a terra e o mar de forma sustentável, demostrando a interação do homem com o meio ambiente. Ao se unir à Ilha Grande, o sítio torna-se ainda mais representativo com áreas de beleza natural excepcional”, pontuou.
Acompanhando a decisão, em Baku, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, comemora a volta para a casa com mais esse título na bagagem do Brasil. “Em Paraty e Ilha Grande, vemos de maneira excepcional e única uma conjunção de beleza natural, biodiversidade ímpar, manifestações culturais, um conjunto histórico preservado, e testemunhos arqueológicos importantes para a compreensão da evolução da humanidade no planeta Terra”, ressaltou a presidente.
Atualmente, Paraty sedia a Flip (Feira Literária de Paraty), um dos maiores e mais dinâmicos festivais de literatura do mundo. A cidade também já tem o título de Cidade Criativa, concedido pela Unesco, por sua gastronomia. Seus sítios arqueológicos têm mais de quatro mil anos de existência, contendo vestígios de ocupação humana, como sambaquis, cavernas, estruturas subterrâneas ou submersas. Além disso, a região tem 36 espécies vegetais consideradas raras e contém os habitats naturais mais importantes e significativos para a conservação da diversidade biológica.
A candidatura de Paraty e Ilha Grande é fruto de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, Iphan, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), prefeituras municipais de Paraty, de Angra dos Reis e Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Com informações do jornal o Estado de Minas.